Do Desastre ao Triunfo

variação, ondulação e vibração.

terça-feira, dezembro 27, 2011

TOP 100 - Melhores músicas de 2011 (#90 - #81)















(atençao: estou sem acentos).

90. Caetano Veloso: “A voz do morto”
A irreverencia do baiano ja misturou “Dom de iludir” com “Um tapinha nao doi” no Noites do Norte. Agora, ao abrir o otimo show do Zii e Zie, Caetano remenda o axe de Psirico e Fastasmao com uma antiga musica que fez para uma Aracy de Almeida cansada de sempre cantar Noel Rosa. O resultado alem de conceitual eh cativante pelo gingado e distorçao da banda Ce. “Eles querem salvar as glórias nacionais, coitados”.

89. Tim Maia: “Lendo o livro”
Uma das musicas perdidas na gravaçao da obra-prima “Racional” renasce das cinzas mantendo a voz cristalina de um Tim Maia no apice da carreira. Se revela como uma encantadora balada soul, com guitarra wah-wah e letra simpaticamente doutrinaria. “Todos vao se encontrar, todos vao se imunizar.”

88. Saskatchewan: “Dreamboat”
Daquele time de musicas que descobrimos sem querer graças as navegaçoes na internet. Se o indie se encontra desgastado por conta das reiteraçoes ja calculadas, eh muito agradavel dar de cara com uma peça assumidamente pop e genuinamente cativante, com gosto de verao. “I just wanna, won't you let me know”.

87. Purity Ring: “Ungirthed”
A voz eh suave como uma musica do Belle & Sebastian, mas esta envolta a um instrumental de sons eletronicos intrincados e samplers confusos. A combinaçao soaria estranha se nao fosse extremamente tentadora. “Who speak with, so tenderly coax”.

86. Jamie Woon: “Lady luck”
Uma das melhores evoluçoes na musica eletronica foi quando realizaram a alquimia de misturar o drum and bass com ritmos mais urbanos, como R&B e hip hop. Dai surgiu coisas sombrias e geniais como Burial, mas tambem diversoes mais pops como esse soul branco moderno e dançante. “Lady luck you save my life tonight”.

85. Foo Fighters: “Back & forth”
Eh dificil cobrar algo diferente de uma banda cujo som ja estamos habituados. Quando o Foo Fighters embarcou numa onda mais acustica e baladeira, torci logo o nariz e deixei de acompanhar. Eis que me voltam com o que talvez seja seu disco mais rockeiro. “Back & forth” eh exemplo que o post-grunge ainda respira. “Now show a little backbone, why don't you?”

84. The Decemberists: “This is why we fight”
Os Decemberists, ja com uma carreira duradoura, se mantem como construtores de peças musicais de impressionte arquitetura melodica, poetica e vocal. “Come the war, come hell”.

83. Foo Fighters: “Bridge burning”
Por mais anacronico que seja (ouvi gente que usou aquela sentença tragica: a banda tinha virado um cover de si mesma), o ultimo disco do Foo Fighters esta recheados de refroes marcantes como esse: “Your bridges are burning down, they're all coming down, it's all coming round, uou're burning them down”. Eh inevitavel, eu nao consigo resistir.

82. АукцЫон: “Хомба”
Outra que me apareceu do nada. Nao sei quem sao, do que falam e mesmo o genero musical eh dificil descrever. Seria algo como um folk jazzistico, mas para mim isso eh irrelevante perto da hipnose que provoca e que ja eh suficiente.

81. Rangers - Zombies (Night)
Para finalizar a lista de hoje, um lo-fi que desde que ouvi no podcast do camarilha dos quatro nao me sai do pensamento. Chapante de tao viajante.

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domingo, dezembro 25, 2011

TOP 100 - Melhores músicas de 2011 (#100 - #91)








Para quem gosta de fazer listas a dificuldade maior é colocar os itens numa ordem de preferência. Quando essa lista tem de 50 nomes em diante essa atividade se torna ainda mais difícil. Por isso, antes de começar essa jornada listando as 100 melhores músicas que passaram (e ficaram!) por meus ouvidos é necessário afirmar que a ordenação dessa lista é meramente uma tentativa e tem permanência apenas momentânea. Lidar quantitativamente com algo preciso como arte nunca deve ser algo levado a sério. Isso aqui é apenas uma brincadeira, um pequeno registro de músicas que marcaram minha vida nesse ano que está indo.



Após esse vergonhoso pedido de desculpas, vamos citar primeiro as últimas músicas cortadas, que quase chegaram na lista final:



Jay-Z & Kanye West: “Niggas in Paris”; Romulo Fróes: "Filho de Deus"; Peter Evans Quintet: "Articulation"; Andy Stott: "Execution"; Tom Waits: "Chicago"; Raphael Saadiq: "Good man"; Thurston Moore: "Illuminine"; Panda Bear: "Surfer's hymn" e "You can count on me"; CSS: "Hits me like a rock"; Gal Costa: "Miami maculelê" e "O menino"; Beth Carvalho: "Se vira"; St. Vincent: "Neutered fruit"; Björk: "Crystalline"; Mastodon: "Stargasm"; Beyoncé: "Love on top" e "Countdown"; BaianaSystem: "Jah Jah revolta"; Michel Teló: "Ai se eu te pego"; Thiaguinho e Elza Soares: "Mulata assanhada"; Gaiola das Popozudas: "Traz a bebida que pisca"; A Banda Mais Bonita da Universidade: "Construção" (paródia de "Oração"); Noel Gallagher: "The death of you and me"; Spoek Mathambo: "Put some red on it" (Shabazz Palaces remix); Arlindo Cruz: "O bem"; Junio Barreto: "Setembro"; Guillemots: "The basket"; Lee "Scratch" Perry: "E.T."; Sepalcure: "Pencil pimp"; David Lynch: "She rise up"; Mogwai: "Rano Pano"; Calypso: "Entre tapas e beijos"; Rogério Skylab: "Quem responde é o diabo"; Jamie Woon: "Night air"; Paula Fernandes: "Pra você"; Fetixe "Me bate me xinga"; Mc Luan e Pocahontas: "Casa das primas vs. Casa dos machos"; e Mc Saed: "Que isso novinha". 

Segue a primeira parte da lista:



100. Mallu Magalhães: "Velha e louca"


Só três anos se passaram desde a participação vergonhosa da jovem Mallu no Altas Horas. De lá para cá e um namoro com Marcelo Camelo, que deve ter dado rumo naquela garota meio perdida, Mallu diversificou suas referências musicais e não mais podendo ser considerada uma menina precoce, mostra certa picardia de mulher adulta, mas sem perder o romantismo que para os implicantes será sempre bobo e infantil. “Pode falar, não me importa, o que eu tenho de torta eu tenho de feliz”.



99. Metá Metá: "Umbigada"



Revitalizando os sons afro-brasileiros, o trio formado por Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França não precisa de percussão para homenagear o começo de nossa cultura popular: o semba criado pelos escravos. A conversa entre a flauta transversal e o violão de arranjo intrincado já faz maravilhosamente bem seu trabalho. "Vira verde gaio sarapico malhão caninha verde bailarico bambelô coco lundu zambê semba".  



98. Marjorie Estiano: "Perigosa" 



O programa Som Brasil traz reinterpretações de músicas muitas vezes mais curiosas do que realmente substanciais. Associando esses dois elementos, me surpreendi com a versão desse hit dos anos 80 pela até então sem sal Marjorie Estiano. Além da interpretação vigorosa e sedutora, a versão ganhou um ótimo arranjo que substitui os datados sintetizadores de disco-music por uma cadência jazzy e cabaret. “Eu tenho um demônio guardado no peito, eu tenho uma faca no brilho dos olhos”.



97. Pélico: "Tenha fé, meu bem" 



Combinando o larálá da jovem guarda com o indie ensolarado dos Los Hermanos, a música contagia quem embarca na ingenuidade "paz e amor". Tulipa Ruiz já rasgou elogios e isso faz todo sentido. “Tristes daqueles que não sabem mais contemplar e juram que podem julgar”.



96. Tom Waits: "Bad as me" 


Chega de humanidade e bons sentimentos! A petulância e sujeira do Charles Bukowski da música nos deixa orgulhosos de estarmos sendo comparados a tal dejeto humano. “You're the letter from jesus on the bathroom wall”



95. Mag e Mc Smith: "Aqui o bagulho é doido" 



Entre as menções honrosas estão alguns funks que me divertiram principalmente por seus despudores ao lidar com o sexo. O moralismo e ditadura do bom gosto talvez não virem o nariz para esse exemplo de funk de temática social, do nível de um “Rap da felicidade” de Cidinho e Doca. Menos otimista, agora o discurso é ainda mais urgente, potente e áspero. “Aqui não tem hospital, ninguém traz remédio, mas traz parafal, traz fuzil, granada, as rajada de UZI e o traçante aqui é normal”.



94. FAROFF e Xandelay: "System of Dilma"



Mas é claro que os discursos incisivos da nossa presidenta são dignos de um rock pesado. Só faltava a mão genial de alguém expert em audiotune fazer o serviço. O resultado além de uma piada muito engraçada é uma homenagem a um governo que, na minha opinião, está fazendo mesmo história no país. “Projeto que tirou o Brasil, se Deus quiser, da situação subalterna, se Deus quiser, diante do Fundo Monetário, se Deus quiser”.



93. Filipe Catto: "Adoração"

O agudo afinado de Filipe Catto já é o suficiente para colocá-lo entre os melhores intérpretes da nova geração da música brasileira. Essa música é uma das que melhor capta sua extensão vocal no belo disco que lançou esse ano. “Pele que é pele não mente, não esconde, não dissimularia”.



92. Anne-James Chaton: "Événement nº 20"



Eu sei que isso nem pode ser considerado música, em suas definições clássicas e já deveras caducas. Esquisitice descoberta pelo maior revelador de bizarrices musicais, o blog camarilha dos quatro, é somente a sobreposição de vozes em francês em um experimentalismo de fazer gente como Björk morrer de inveja... ou tédio, confesso.



91. Peaking Lights: “Tiger eyes (Laid back)” 


Difícil resistir a esse encontro do dub com o rock psicodélico de guitarras dignas de um Sonic Youth ou Jesus and Mary Chain que se reitera ao infinito como um mantra. “It's another day In this world I have to stay”

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quinta-feira, dezembro 22, 2011

TOP 20 - Melhores discos de 2011



















Mais um ano que acaba e lá vem as listinhas de verão para os consumidores de cultura categóricos. Antes da lista dos filmes, segue um singelo Top 20 dos discos que ouvi no ano. Numa era em que os singles parecem que voltaram a fazer mais sentido de existir do que discos inteiros, a escolha para ouvi-los aparece de forma mais criteriosa. Ainda ficaram de fora os bons discos do Criolo, Tinariwen, Caetano Veloso, Björk, Bon Iver, Gal Costa, Grouper, Tim Hecker, The Horrors, Nicolas Jaar, MoMo, The Oh Sees, Raphael Saadiq, Shabazz Palaces, Andy Stott, A Winged Victory for the Sullen e Yuck. Alguns deles ainda aparecerão na próxima lista: das 100 melhores musicas do ano.

20. Fillipe Catto: Fôlego
Interprete que remete ao Ney será sempre bem-vindo dentro da caretice que se tornou a MPB.

19. St. Vincent: Strange mercy
A suposta bizarrice até que é muito da cantarolavel. 

18. Mastodon: The hunter
O deslocamento do metal para o stoner agrada.

17. Beth Carvalho: Nosso samba tá na rua
A volta da atual rainha do samba está digna de um bom churrasco com os amigos. 

16. Foo Fighters: Wasting light
De volta a forma: mais peso e menos drama.

15. Jay-Z & Kanye West: Watch the throne
Esquizofrenia deliciosamente pop.

14. PJ Harvey: Let England shake
O disco-manifesto do ano.

13. Radiohead: The king of limbs
Sacana arriscada para quem esperava qualquer espécie de estabilidade.

12. Metá Metá: Metá Metá
Um Brasil belamente inventado.

11. Kate Bush: 50 words for snow
Adaptação de seu característico art pop aos tempos de hoje.

10. The Field: Looping state of mind
Onde o eletrônico encontra paz e sentimento.

9- The Caretaker: An empty bliss beyond this world
A musica como fiel tradutora do sentimento de nostalgia.

8- Colin Stetson: New history warfare vol. 2: Judges
Construtor de atmosferas oníricas. 

7- Panda Bear: Tomboy
Sons descompassados vindos de um hospício onde a loucura é a musica.

6- Tom Waits: Bad as me
O formato cabaret continua, mas a voz está cada vez mais decadente. O resultado so pode ser descaralhadamente bom.

5- Peter Evans Quintet: Ghosts
O velho jazz com o poder de nos levar para lugares tão distantes.  

4- The Black Keys: El camino
Mais pops do que nunca, o grupo de blues rock mantém a força para criação de peças cativantes.

3- Thurston Moore: Demolished thoughts
Ouvir Sonic Youth em formato acústico emociona de igual para igual com seu violão pontual como uma guitarra. 

2- Charles Bradley: No time for dreaming
Se ainda há espaço para o soul mais clássico e classudo.

1- Matana Roberts: Coin coin chapter one: gens de couleur libres
Free jazz que se comunica com espíritos de nossos antepassados escravos.

E antes que me perguntem, como disco, achei tudo isso uma merda: James Blake, Chico Buarque, Destroyer, Fleet Foxes, Romulo Froes, Karina Buhr, Marcelo Camelo, Caetano Veloso com a Maria Gadu, CSS, Mallu Magalhães,  Girls, Marisa Monte, The Vaccines, R.E.M.,  (a grande decepção do ano!), fora aqueles que por algumas musicas perdi ate a vontade de ouvir por inteiro.

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quarta-feira, dezembro 21, 2011

tempo é escasso: algumas palavras aos últimos filmes

só para não deixar em branco:


Poesia (Lee Chang-dong, 2010). 6/10
Paternalismo gente boa que sobrevive pela trama de dramas inesperados e atuação impressionante.

The trap: what happened to our dream of freedom (Adam Curtis, 2007). 7,5/10
BBC comprova o sopro de inteligência na TV: apuração e posicionamento crítico.

Amantes constantes (Philippe Garrel, 2005). 7/10
A revisão mostrou o belo encatamento nostálgico (do passado histórico e da nouvelle vague) algo frágil e arrastado.

Pacific (Marcelo Pedroso, 2011). 8/10
A classe média vai ao paraíso, mas também leva suas máscaras.

O mágico (Sylvain Chomet, 2010). 5,5/10
A deformidade e bizarrice de Belleville chega aqui diluída em gotas de mel para corações abertos.

Um lugar ao sol (Gabriel Mascaro, 2011). 6/10
O lugar é marcado por relatos absurdos de elitismos e preconceitos, mas o sol da objetividade do diretor é tampado por uma neblina que dificulta a visão.

A batalha de Algéria (Gillo Pontecorvo, 1966). 9/10
Cinema revolucionário por excelência: naturalismo, ideologia e ação de mãos dadas.

Demonlover (Oliver Assayas, 2002). 8/10
Trágicos tempos digitais que pervertem as genuínas emoções humanas em troca de pixels sangrentos.

A casa de Alice (Chico Teixeira, 2007). 6/10
Acompanhar como um anjo da guarda as aventuras de uma dona de casa tem os limites impostos pela própria estrutura do filme.

Meek's Cutoff (Kelly Reichardt, 2010). 7/10
O cinema de olhares e reações de Reichardt encontra na imensidão do deserto seu impacto e limitação.

Eu te amo (Arnaldo Jabor, 1981). 7/10
Sonia Braga como prostituta pinta e borda sobre a intelectualidade decadente, inclusive a do próprio diretor.

Eletrodoméstica (Kléber Mendonça Filho, 2005). 6,5/10
Exercício de estilo que tem em sua catarse sexual a razão de existir.

The house of the devil (Ti West, 2009). 7,5/10
No meio de tanto filme de terror ruim esse aqui fez a lição de casa como os clássicos do gênero: para assustar mesmo é necessário condensar toda emoção para um final angustiante.

Os deuses devem estar loucos (Jamie Uys, 1980). 5,5/10
Tentando ver do pastelão algo parecido com antropologia.

Melancolia (Lars Von Trier, 2011). 7/10
O casamento amarelado mostra um Von Trier em total domínio da direção de um filme que não sabe que rumo dar.

Elogio ao amor (Jean-Luc Godard, 2001). 8,5/10
As divagações (principalmente visuais) do próprio filme falam muito mais do que qualquer palavra que possa ser dita sobre.

Ex Isto (Cao Guimarães, 2011). 7/10
Só restaria a loucura se Descartes viesse ao Brasil?

The blood of Jesus (Spencer Williams, 1941). 8/10
Uma conexão com a negritude perdida, vista aqui com olhos de admiração e doce repulsa.

A felicidade dos Katakuris (Takeshi Miike, 2001). 4,5/10
Era preciso tomar alguma coisa pra entrar na onda?

Um lugar ao sol (George Stevens, 1951). 4/10
Me permita cometer essa heresia cinéfila, mas essa mistura de gênero desceu não...

Cinzas no paraíso (Terrence Malick, 1978). 7/10
Só resta o fogo para a América profunda.

Os smurfs (Raja Gosnell, 2011). 4/10
Diversão esterilizante.

Capitães da areia (Cecília Amado e Guy Gonçalves). 9/10
Uma belezinha que, ao que tudo indica, foi incompreendida. Mais aqui: http://satorilivraria.com/Cinema/Critica-Capitaes-de-Areira

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FESTIVAL DO RIO 2011

A loucura de Almayer (Chantal Akerman, 2011). 2/10
Mais do que um total equívoco na carreira da prestigiada diretora francesa, ruim o suficiente para fazer suspeitar toda sua obra. Diálogos e narração constragedoramente didáticos para bater na velha tecla da decadência do branco europeu. esteticamente feio e artificial. Mas o pior: não mostrar o menor encanto por personagens já tão desencantados.


George Harrison: Living in the material world (Martin Scorsese, 2011). 9,5/10
Contato espiritual com o mais espiritualista dos beatles. Belo, vibrante e triste conto sobre a morte como só scorsese consegue fazer. All things must pass...


Todos seus mortos (Carlos Moreno, 2011). 7/10
A bruta realidade miliciana e burocrática repicada com humor negro e certa fantasia surrealista.


Drive (Nicolas Winding Refn, 2011). 7,5/10
A vida ultrapop de um herói urbano cuja violência surge pelo destino e pelo amor.


Tabloide (Errol Morris, 2010). 4,5/10
Ainda um alquimista do formato documental, mas aqui com certos deslizes em questões éticas.


O invasor (Nicolas Provost, 2011). 9/10
O estrangeiro integrado mais do que ninguém na cidade que o circunda; depois vem nós, espectadores, juntos à camêra que faz uma verdadeira radiografia do terreno urbano de Paris; sujo e/mas belo. E o fato da máscara ter muito de potência, não significa, ainda mais por questões raciais e sociais, que também não esteja carregada de fragilidade.


A pele que habito (Pedro Almodovar, 2011) - 8,5/10
Mais maneirista do que nunca na mistura livre dos genêros (cinematográficos e humanos).


As quatro voltas (Michael Frammartino, 2010) - 9/10
A caótica natureza despreza, em seu silêncio debochado e ciclos contínuos, a humanidade.


O cavalo de Turim (Bela Tarr, 2011) - 10/10
A rotina e o tédio de uma família provinciana sendo (não)afetada por alegrias ciganas, destempero (?) de um filósofo misterioso e o silêncio debochado (mais uma vez!) da natureza/bicho niilista.


PLUS/HIATO:



Trabalhar cansa (Marco Dutra & Juliana Rojas, 2011). 7,5/10
A classe mérdia, cheia de medo de sabe-se lá o que, em sua busca pela sonhada estabilidade de família patriarcal, desce ao inferno por sua paranóia (a mãe), fraqueza (o pai) e arrogância (a avó). Uma pena, no entanto, o mal ter sido materializado, tirando muito da força de um filme que se encaminhava ao completo brilhantismo.

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