Do Desastre ao Triunfo

variação, ondulação e vibração.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Anna M.

25/09

Eu não ia ver nada nesse final de semana até meu pai chegar e fazer o irrecusável convite de ir ao cinema. A intenção era ver Sonhando Acordado, último filme de Michel Gondry, diretor do notável Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, mas ao chegar ao Estação Ipanema e descobrirmos que a sessão do filme já estava lotada, resolvemos ver um tal de Anna M., filme francês de um outro Michel, o desconhecido Michel Spinosa, que em outras condições evitaria de assistir assim no escuro sem antes ler críticas à respeito. Evitaria simplesmente por se tratar de mais uma história de obsessão, tema dos mais batidos do cinema. Ainda assim, o nome relembrando o título de Adele H. do Truffaut (e também uma história de obsessão amorosa) despertou certa curiosidade. O filme conta história de uma mulher reservada e depressiva que assim como uma boa mulher reservada e depressiva resolve se matar, claro. No hospital é tratada por um médico que inexplicavelmente a convence que está apaixonado por ela e por isso ela o persegue fanaticamente. O diretor pretende a partir das divisões do filme em três estágios da doença fazer uma versão patológica e científica da enfermidade, mostrando a perspectiva quase exclusiva da protagonista, numa tentativa de humanizar um personagem que, por suas atitudes e pensamentos, não merece tanta humanização que seu diretor crê que mereça. Ainda assim, Isabelle Carré se mostra uma excelente atriz, com alto grau de expressividade, colaborando com a tensão do filme que é constante e crescente. O final é ambíguo e interessante (apesar da inexplicável reaparição da personagem apática de uma amiga de Anna - incitando um relacionamento lésbico?), mas ficamos imaginando o quanto Anna M. poderia ser melhor se desenvolvesse mais o universo particular em que vive Anna e a transformasse realmente num personagem digno de se importar. 54

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