Do Desastre ao Triunfo

variação, ondulação e vibração.

segunda-feira, abril 25, 2011

Marie-France Pisier, 1944-2011



O fantasma da liberdade. Céline et Julie vão de barco. Beijos roubados. Les soeurs Brontë. Antoine e Colette. Amor em fuga. Em Paris. O tempo redescoberto. Trans-Europ-Express. O outro lado da meia-noite. Primo, prima. Chanel, a solidão de uma mulher.

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quarta-feira, abril 20, 2011

Textos curtos - Boonmee, Turnê, Monstros, Rapt, Mononoke, Maridos e Esposas, Loja dos Horrores e Sr. Fox

Indo além da relação com seu filme irmão "Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas", ou com o projeto de video arte "Primitive", e se concentrando em sua própria força independente, "A letter to Uncle Boonmee" se demonstra também muito poderoso. Apichatpong comprova mais uma vez seu talento nas delimitações de espaços mortos através de belíssimos travellings sobre moradias e florestas. Ao fundo, no discurso (se é que ainda era preciso dele), relatos reiterativos que revivem memórias, pesadelos e desejos. Boonmee teve os filmes que merecia.

"A letter to Uncle Boonmee" (Apichatpong Weerasethakul, Tailândia/Inglaterra/Alemanha, 2009). 8/10



Liberdade em passear por personagens sem a pretensão demiurgica de ter que contar uma história. "Turnê" - elipses grosseiras e psicologismo reduzido: eis um filme que estava com saudades de assistir. E se esses personagens são gostosonas do teatro burlesque, donas de seu próprio nariz, e um Mathieu Amalric patético apesar de seu egocentrismo, seja muito bem vindo ele ao mundo dos realizadores. Só peça a benção do tio Cassavetes.

"Turnê" (Tournée, Mathieu Amalric, França, 2010). 7,5/10


Deformados como seres divinos em seu senso de bondade e justiça. We accept one of us até que não sejas consumido pela extrema ganância. "Monstros" é um filme ético e humanista acima das bizarrices. E a maior de suas deformações não são seus personagens e sim a mutilação de cenas e o desprezo que sofreu por quem, em velhosnovos tempos, considera um absurdo criar intimidade e empatia com seres tão desprovidos de normalidade pela natureza. "We accept one of us? NOT!". Offend one... you offend them all.

"Monstros" (Freaks, Tod Browning, EUA, 1932). 8/10


"O sequestro de um herói" me causou grande desconforto. Serve quase como uma sentença de que toda a civilidade, verborragia e postura francesa/ocidental/normatizada é mais importante do que uma vida humana. Tudo narrado com uma sutiliza que o Michael Haneke deveria aprender. E não sei se lamento pelo final em aberto meio covarde ou se comemoro não ter sido decretado que esse suposto herói é mocinho ou mais um vilão de uma história em que apenas seu cachorro e seu sequestrador parecem ter o mínimo de humanidade.

"O sequestro de um herói" (Rapt, Lucas Belvaux, França/Bélgica, 2009). 7/10


Só mesmo Miyazaki para encantar gerações com seus traços imaginativos e expressivos associados a roteiros carregados de simbolismos. Em "Princesa Mononoke", o japonês relata uma epopeia digna de Homero, que sob toda empolgante aventura encontra na disassociação homem-natureza-deus e na construção do homem político e mediador seus temas-chave.

"Princesa Mononoke", もののけ姫/Mononoke-Hime, Hayao Miyazaki, Japão, 1997) 8,5/10


Woody Allen queria filmar "Maridos e esposas" em 16mm, para aproximá-lo do modelo documentário. O estúdio não deixou. Mas isso não impediu Allen de encostar no formato através da despreocupação com os ângulos e a montagem e de cenas em que seus personagens depõe diretamente para a câmera. As conturbadas relações amorosas de seus personagens têm então uma embalagem apropriada: realismo e asfixia. Difícil não se comover e se divertir com um Woody Allen ainda muito inspirado.

"Maridos e esposas" (Husbands and wives, Woody Allen, EUA, 1992). 8/10


Incorreção política a serviço de um humor negro antes ferino, agora quase ingênuo. Impagável Jack Nicholson novinho, como um masoquista. O underground de "A pequena loja dos horrores" é elemento primordial para uma coleção sinistra repleta de desajustes humanos e biológicos. Feeeed me!

"A pequena loja dos horrores" (The little shop of horrors, Roger Corman, EUA, 1960). 7/10


Não apenas por ser seu melhor filme, mas é "O fantástico Sr. Fox" a obra que sintetiza a carreira de Wes Anderson. Pode-se dizer que Anderson encontrou o formato perfeito para a liberdade de suas aventuras pops com desajustados sociais. Se sempre teve o dom de fazer o espectador sair do cinema com um sorriso no rosto, apesar de alguns desequilibrios narrativos durante a metragem de seus filmes (ex. "A vida marinha de Steve Zissou": complicado e perfeitinho), é com os personagens animados de "O fantástico Sr. Fox" que Anderson apresenta a melhor consistência na mistura de gêneros em todas suas peripécias discursivas e visuais.

"O fantástico Sr. Fox" (Fantastic Mr. Fox, Wes Anderson, EUA, 2009). 8,5/10

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domingo, abril 10, 2011

Metrópolis

Assistir a versão restaurada de “Metrópolis” no Teatro Municipal, com o acompanhamento da Orquestra Sinfônica, foi uma experiência estética emocionante. Não apenas pelo evento em si, no qual a música quase assume o protagonismo. Mas também por me reviver a memória de um dos primeiros filmes vistos na minha cinefilia e comparar com esta nova versão, com cenas adicionais e que até então estavam perdidas. Pai das ficções científicas que tanto nos impressionam hoje, “Metrópolis” não é por acaso uma das obras mais importantes e influentes da sétima arte. A criatividade de Fritz Lang, junto à sua habilidade em arquitetura, cria um riquíssimo universo futurista com variedade de detalhes e impressionantes acabamentos. Carros voadores, robôs, arranha-céus e máquinas de produção nunca antes vistas. Elementos de um futuro que no presente é visto com bastante pessimismo. Provavelmente, Lang está inaugurando no cinema a distopia - genêro que descreve o futuro como o pior dos mundos. Para sustentar a magnificência da Metropólis, muito trabalho seriado e extensivo que transforma os operários em verdadeiros zumbis - e não se trata de expressionismo? A exaustão do trabalhador é puro terror físico. O conflito de classe não demora para surgir e é a partir desse ponto que o filme mostra sua fragilidade e deve sair do pedestal icônico. Reclamo tanto do filme de aventura que se torna na sua segunda metade, como da posição política algo reacionária que defende. Reclamo em partes, porque, ao menos, Lang mantém o belo simbolismo cristão e as cenas surrealistas macabras (quem não teve pesadelos com as caveiras representando os pecados capitais?). E, sobre a questão ideológica, ao menos não deixa de ser uma previsão para nós brasileiros vermos personagens parecidos com Lula e Michel Temer enfim se tornarem aliados.

“Metrópolis” (Friz Lang, Alemanha, 1927). 8/10

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sábado, abril 09, 2011

Sidney Lumet, 1924-2011



12 homens e uma sentença. Rede de intrigas. Um dia de cão. O veredito. Serpico. Assassinato no expresso oriente. Antes que o diabo saiba que você está morto. O homem do prego. Limite de segurança. A colina dos homens perdidos. O peso de um passado. Equus. Príncipe da cidade.

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Meu nome é Dindi

‎"Meu nome é Dindi" é um filme muito estranho. É o primeiro de Bruno Safadi, ex-assistente de direção de ninguém menos que Julio Bressane. Pronto. Você já sabe o que esperar dele: planos longos, fraturação de tempo, elementos visuais surrealistas, gosto pelo ridículo e diálogos inusitados. É por aí, mas por ser um cinema mais reverencial é mais reiterativo nos velhos tópicos de Bressane. A mistura de gêneros é interessante e a transição por eles está impressa no dispositivo de liberdade que o mesmo exige para si. Liberdade exigida? Por aí também. Nada é muito natural e a pretensão é companheira constante. Talvez esteja aí o charme do filme? Pode ser ou talvez não precisemos forçar tanto a barra. Djin Sganzerla em estado de graça; Carlo Mossy de volta às telas na pele de um vilão canastrão; belas cenas supra realistas e nostálgicas na praia; uma brincadeira com os códigos e clichês dos cinemas de gênero: já não está bom para você?

"Meu nome é Dindi" (Bruno Safadi, Brasil, 2007). 7/10

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quinta-feira, abril 07, 2011

top 20 año 2007

Antecipando a lista dos melhores da década de 2000 que sairá em breve, segue minha lista do melhor ano desse período: 2007.



1) Paranoid Park, de Gus Van Sant
2) En la ciudad de Sylvia, de José Luis Guerín
3) Les amours d'Astrée et de Céladon, de Éric Rohmer
4) Jogo de cena, de Eduardo Coutinho
5) Le voyage du ballon rouge, de Hou Hsiao-Hsien
6) À prova de morte, de Quentin Tarantino
7) Não estou lá, de Todd Haynes
8) A questão humana, de Nicolas Klotz
9) Luz silenciosa, de Carlos Reygadas
10) Sangue negro, de Paul Thomas Anderson
11) Boarding gate, de Oliver Assayas
12) Año uña, de Jonás Cuarón
13) Zoo, de Robinson Devor
14) Onde os fracos não tem vez, de Joel & Ethan Coen
15) Secret sunshine, de Lee Chang-dong
16) Santiago, de João Moreira Salles
17) [REC], de Jaume Balagueró & Paco Plaza
18) Import/Export, de Ulrich Seidl
19) Desejo e perigo, de Ang Lee
20) Yo, de Rafa Cortés

menções honrosas: Antes que o diabo saiba que você está morto, O sonho de Cassandra, Forbidden Lie$, Joy Division, Sweeney Todd, Zodíaco, Taxi para a escuridão, A banda, Inútil, 4 meses, 3 semanas e 2 dias, Cristóvão Colombo - O enigma, Go go tales, Falsa loura, Advogado do terror, Ratatouille, Southland tales, Cão sem dono, Persepólis, A última amante e Senhores do crime.

mas não vi: RR, casting a glance, Não toque no machado, With the Girl of Black Soil, Grindhouse, Mal nascida, Joshua, O assassinato de Jesse James, My Winnipeg, Nachmittag/Afternoon, Profit Motive and the Whispering Wind, La soledad, State legislature, Tout est pardonné, A floresta dos lamentos, Yella, Hot fuzz, Antes que eu me esqueça, Autohystoria, Heima, Vocês, os vivos, Encounters at the end of the world, Hotel Chevalier, The Man From London, Viagem à Darjeeling, O segredo de um grão, Mutum, Dr Plonk, A invasora, La France, Death in the Land of Encantos, Die Stille vor Bach, The Trap: What Happened to Our Dream of Freedom, Las Variaciones Marker, Unas fotos en la ciudad de Sylvia, Tombée de nuit sur Shanghai, Halloween, Diário dos mortos, Deserto feliz, Proibido proibir, The call of the wild e O despertar de uma paixão.

e não acho tudo isso: Os donos da noite, Uma garota dividida em dois, Na natureza selvagem, Ligeiramente grávidos, Superbad, Conduta de risco, Piaf - Um hino de amor, Saneamento básico, Pecados inocentes, Sunshine, Control, Shrek Terceiro, Sete dias, Alexandra, O escafandro e a borboleta, Do outro lado, Redacted e XXY.

e detesto: Juno, Margot e o casamento, Funny games, Cidade dos homens, Mein Führer, PVC-1, Sukiyaki Western Django, Transformers, 오래된 정원/The old garden, Piratas do caribe 3, Fôlego e Garçonete.

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cine parelo

homensmacacos; deusesmacacos

"em tempos idos houve uma terra coberta por florestas e onde, em épocas muito passadas, viviam os espíritos dos deuses"

"ao enfrentar a selva, as montanhas e vales, minhas vidas passadas como animal e outros seres aparecem diante de mim"




"Tio Boonme que pode recordar suas vidas passadas" (ลุงบุญมีระลึกชาติ/Loong Boonmee raleuk chat, Apichatpong Weerasethakul, Tailândia/Inglaterra/França/Alemanha/Espanha/Holanda, 2010)

"Princesa Mononoke" (もののけ姫/Mononoke-Hime, Hayao Miyazaki, Japão, 1997)

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