Do Desastre ao Triunfo

variação, ondulação e vibração.

sábado, março 31, 2007

Top 10 (2006)

Com um pequeno atraso, é verdade, mas havia a necessidade de ver a maior quantidade de filmes para chegar a uma lista minimamente definitiva e ainda faltou Espelho Mágico do Manoel de Oliveira entre os que poderiam estar nela.
Tal lista é composta, em ordem de preferência, por filmes lançados no Brasil em 2006, seja em cinema ou DVD, ficando de fora, obviamente, filmes ainda inéditos no circuito comercial brasileiro.



01. Amantes Constantes, de Philippe Garrel (2005)
Nostalgia desmistificada.

02. O Novo Mundo, de Terrence Malick (2005)
Ressucitando paisagens e fantasmas.

03. O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee (2005)
Contenção emocional sobrecarregada e sufocante.

04. Match Point - Ponto Final, de Woody Allen (2005)
A jogada de Dostoievski.

05. A Criança, de Jean-Pierre & Luc Dardenne (2005)
Formando a ideia de culpa e a necessidade de redenção.

06. O Sabor da Melancia, de Tsai Ming-Liang (2005)
(con)fusão narrativa.

07. O Homem-Urso, de Werner Herzog (2005)
As fronteiras morais da manifestação documental.

08. Eleição, de Johnnie To (2005)
Democracia de surdos e cegos.

09. Munique, de Steven Spielberg (2005)
Intolerância e o conflito moral de se fazer vingança.

10. O Céu de Suely, Karim Ainouz (2006)
O peso e a leveza da fragilidade.

Menções muito honrosas (sem ordem): A subversão do gênero de terror reutilizando conceitos antigos do gênero por Viagem Maldita, Rejeitados Pelo Diabo, Wolf Creek, O Albergue e Abismo do Medo, a utilização de um cinema de gênero para denunciar totalitarismos nos pré-apocalípticos V de Vingança e Filhos da Esperança, a censura e ética profissional de Boa Noite e Boa Sorte, a realidade-ficção na busca por uma objetivação dos fatos em Vôo United 93, a maturidade de Almodóvar em Volver, o peso da realidade de As Chaves de Casa, a reinterpretação de um material original em um contexto político atual no hilário As Loucuras de Dick & Jane, o western do ano que é o japonês Samurai do Entardecer, a tristeza em saber que crescer significa compreender que estamos sozinhos no mundo em O Labirinto do Fauno, o pequeno filme de grande emoções que é A Lula e a Baleia, a incomunicabilidade nas entregas do Oriente Médio Às Cinco da Tarde e Free Zone, a sutileza de O Ano em Que Meus Pais Sairam de Férias, o brilhantemente desequilibrado 2046 e a despedida de Robert Altman em A Última Noite.

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domingo, março 11, 2007

Pequenas considerações sobre o Oscar

Bom. O próprio Scorsese deve ser o primeiro a saber que seu prêmio é exagerado, impróprio e de certo modo, uma espécie de provocação. Mais que nada porque nesse ano estrearam uma porrada de filmes muito melhores que o seu. Ron Howard, diretor do injustamente massacrado Uma Mente Brilhante e membro, como ele, da geração dos anos setenta (ainda que este apenas como ator), pode agora descansar tranqüilo: já há alguém que pôde fazer pior... e ganhar! Fora isso, era previsível: por isso subiram para entregar-lhe Coppola, Lucas e Spielberg. Para justificar suas presenças, se apresentaram como ganhadores de edições anteriores. Ao que Lucas perguntou: "Então, que faço aqui?". Ha ha. A resposta todos sabiam, restando prever apenas quem ganharia o prêmio de melhor filme (e minha torcida ainda era forte para Cartas de Iwo Jima, o melhor, disparado).

Aqui surpreendeu até Scorsese. Seu filme já tinha feito uma marca no firmamento cinematográfico. Já não lhe recordavam por ser o diretor de Caminhos Perigosos, Taxi Driver, Touro Indomável, Depois das Horas, Os Bons Companheiros, Cassino ou O Aviador... senão por ser o responsável do primeiro remake (medíocre) de um filme de Hong Kong a ganhar o Oscar de melhor filme.

Mas então, veja só, Infiltrados já havia levado dois prêmios a mais: o de montagem que foi para Telma Schoonmaker, habitual dos Oscares e do Scorsese (até demais) e viúva do grande Michale Powell; e William Monahan, que levou o Oscar de melhor roteiro adaptado, no prêmio (junto com Trilha Sonora para Babel) mais injusto da noite.

Não havia nenhuma surpresa destacável em toda noite. Ganhou Helen Mirren por seu papel de Rainha da Inglaterra, meses depois de ter encarnado para tv o papel de Elizabeth I, e vinte cinco anos depois de interpretando Morgana com muito mais paixão que contenção. O momento hilariante da noite, no entanto, estava por vir (e não veio da surpreendentemente apática apresentação de Ellen DeGeneres): é que todas as atrizes desfrutaram de sua correspondente recordação audiovisual com a forma de um pequeno fragmento representativo de seu trabalho nos filmes... com exceção de Penélope Cruz, a que recordaram, sim, em um momento de seu filme certamente constrangedor: o playback da música Volver... Ninguém pode conter a risada.

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